sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Nova Classe Média Brasileira

Autores: Darlan Barros, Maria Ivamária, Lucas Diniz Morais, Uilma Marques Mendes e Vanda Souza
Alunos do curso de Gestão Pública do Centro Universitário do Distrito Federal – UDF

Introdução
Durante o período brasileiro de 1995 a 2010, governaram o Brasil, consecutivamente, dois presidentes que alteraram significativamente o cenário social do nosso país. Fernando Henrique Cardoso, deixando uma base favorável ao desenvolvimento social brasileiro, sendo posteriormente substituído por Luis Inácio Lula da Silva, consolidando o trabalho já iniciado por seu antecessor.
As políticas sociais destinadas ao atendimento das necessidades básicas, desenvolvidas nesses dois governos, foram um dos fatores que contribuíram para o aumento do poder de compra da população “incorporando novas pessoas ao mercado interno”.
Entender os motivos e refletir sobre as possíveis implicações decorrentes destes acontecimentos, nos permite visualizar um possível cenário econômico e social brasileiro, possibilitando o entendimento das melhorias e os acarretamentos negativos advindos com a nova classe. 
Surge Uma Nova Classe Social
Inicialmente, se faz presente a necessidade do entendimento acerca da denominação de classe média. Dentro do sistema capitalista, a presença desta classe representa a parte da população possuidora de um poder aquisitivo e de um padrão de vida razoáveis. Isto implica dizer que sua renda não está apenas atrelada ao suprimento das necessidades básicas de sobrevivência, mas extrapolando para os gastos com lazer e cultura.
            Segundo pesquisadores como Marcelo Neri (FGV), a família que possui renda mensal entre R$ 1.126 a R$4.428, está inserida na classe média. Entretanto, outros pesquisadores consideram o topo da renda mensal da classe média sendo de R$ 3.000, como é o caso do pesquisador Haroldo Antunes. Independente do valor nominal observado para se distinguir as classes, é concordado que pertencem a essa classe aquelas famílias que deixaram de ser pobres, passando a ter um melhor nível de vida. Este é o ponto defendido por Thomas Friedman, autor do Best seller “O Mundo é plano”. Segundo Friedman “classe média é outro jeito de descrever pessoas que acreditam que saíram de um patamar de pobreza ou classe baixa, para um nível de vida bom e melhor para seus filhos”. (FRIEDMAN, 1994)
Trazendo a temática ao cenário brasileiro, a presidente Dilma Rousseff, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico, declarou, “A nova classe média brasileira foi uma das maiores e melhores heranças do governo Lula. Sabemos que o País avançou muito. Há uma população que entrou na classe média levada por uma integração produtiva e educativa", afirmou. "Essa nova classe média é uma das grandes conquistas e das maiores e melhores heranças que tenho do governo Luiz Inácio Lula da Silva", completou a presidente.
O surgimento da nova classe média no Brasil é um ponto que chama a atenção da sociedade política e econômica do país, visto que com a ascensão de uma grande massa para uma nova camada social, detentora de maior poder de compra e também de capacidade política, a estrutura da pirâmide socioeconômica tende a se modificar de forma significativa, iniciando-se então uma maior preocupação para entender quais as necessidades, anseios e futuras atitudes que esta nova demanda tomará.
Em números, esta fatia da sociedade corresponde hoje a quase metade da população brasileira, cerca de 40% dos habitantes. Entre as grandes novidades observadas, encontra-se a ascensão da população, antes marginalizada social e tecnologicamente.
Fonte: FGV


Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os 29 milhões de brasileiros que migraram de classes basais para a classe média nos últimos anos, têm o seu crescimento baseado não apenas no quesito do consumo, mas também na questão da geração de renda. Isso demonstra que a população passou a ter um melhor acesso à qualificação social e profissional, se desenvolvendo através de programas sociais e fomentando a organização produtiva.

Observado o aumento da renda, o mercado passou a sofrer sensíveis mudanças. O fator importante a ser observado neste cenário, além do perceptível aumento na obtenção de produtos e serviços, é a gradativa e crescente cobrança por parte desta camada quanto à qualidade oferecida pelos prestadores de serviços e fornecedores de produtos. Para essas famílias, já não basta apenas comer e ir à escola. Agora se buscam o acesso a uma alimentação de qualidade e escolas de excelência, marcas latentes à personalidade desta geração, que procuram obter aquilo que não possuíam anteriormente.

O ex-presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado recentemente, tenta entender qual será o papel político da chamada nova classe média.  Qual será o perfil do novo eleitorado composto por cerca de 20 milhões de pessoas? Qual será a reação dos partidos de oposição para conquistar a popularidade de uma população já acostumada com o novo padrão de consumo e de crédito?

O governo enfrenta agora o desafio de se adaptar à nova realidade. Atender aos anseios de um enorme contingente, ávido ao consumo de serviços e produtos de qualidade. Este é também o momento em que, gradativamente, a população assume uma posição de maior comprometimento ligado à política e economia brasileira. 

Conclusão

Após o surgimento da nova classe média, resta-se saber quais as novas expectativas e ambições almejadas por esta demanda da população. Sabe-se que, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), uma das prioridades é a aquisição da casa própria.

Essa população emergente, com seu desejo de continuar a consumir é um sintoma de que o Brasil está crescendo, não apenas economicamente, mas principalmente na questão que tange o social. Observa-se que os países que alcançaram um alto grau de desenvolvimento econômico e social, os habitantes, em sua maioria, pertencem à classe média. Conhecer a nova classe brasileira é, portanto, fundamental para entender o futuro do Brasil. Quem são essas pessoas? Que impacto podem provocar? Quais desafios trazem para o país?



Referências Bibliográficas
CLASSE média. In: WIKIPÉDIA: A enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_m%C3%A9dia>. Acesso em: 10 maio 2011.

FRIEDMAN, Jonathan (ed.) (1994), Consumption and Identity. Chur, Switzerland: Harwood Academic Publishers.

GONÇALVES , Glauber. FGV: 29 milhões de brasileiros entraram na classe média. Agencia Estado. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/entenda+o+conceito+de+classe+media/n1237993570014.html>. Acesso em: 10 maio 2011.

MADUEÑO, Denise; COSTA, Rosa. Artigo de FHC deixa oposição inquieta. O Estado de S.Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110413/not_imp705559,0.php>. Acesso em: 10 maio 2011.

NOBLAT, Ricardo. Em artigo, FHC propõe trocar 'o povão' pela classe média. Blog do Noblat. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/04/12/em-artigo-fhc-propoe-trocar-povao-pela-classe-media-374051.asp>. Acesso em: 10 maio 2011.

OLIVIA, Alonso. Entenda o Conceito de Classe Média. iG São Paulo. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/not_34884.htm>. Acesso em: 10 maio 2011.

1 comentários:

Miguel Luksys disse...

É interessante notar que as divisões de classe são feitas de modo a inchar a fração vagamente denominada "classe média". Olhando os números com mais cuidado, vemos que a tal classe média está muito mais perto dos pobres do que dos ricos. Cairia bem neste caso uma revisão ideológica para os "médios". Sua aliança política com os mais pobres é muito mais conveniente para eles do que a vogente aliança com os ricos. Mas como não existe lei contra a burrice....

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