terça-feira, 10 de maio de 2011

Fórum Econômico Mundial na América Latina

Autor: José Loreto Julián
Aluno do curso de Gestão Pública do Centro Universitário do Distrito Federal – UDF.

Introdução

O Brasil é admirado pela maioria dos países da região de América Latina, e o desenvolvimento brasileiro é visto com muita simpatia. Sua inserção na economia mundial como um ator político de peso e capaz de defender um melhor bem-estar para os países medianos e pobres do continente é também muito valorada. O avanço tem  sido bastante progressivo no aspecto da integração de América do Sul, Central, e das pequenas ilhas do Caribe. A consolidação de organizações como o grupo Andino, Mercosul, Unasul, Caricom (Comunidade do Caribe) o Grupo do Rio e ultimamente a Cimeira UE-ALC (Reunião Bienal dos Chefes de Estado e de Governo da América Latina o  Caribe e a União Européia) demonstram que a integração continental vai por bom caminho. Temos o privilégio de debater nossos próprios problemas e exigir maior atenção às grandes potências. O Fórum Econômico Mundial, realizado precisamente este ano no Rio de Janeiro, serve como cenário ideal para continuar debatendo sobre os principais problemas da região e para encontrar possíveis soluções a eles.  

Breve Historia do Fórum
O Fórum Econômico Mundial foi concebido no ano 1971 por um grupo de líderes e empresários europeus. É uma organização sem fins lucrativos. O sucesso da primeira reunião provocou a criação do “European Management Forum” que em 1987 mudou o nome para “Fórum Econômico Mundial”. Klaus Schwab, de origem alemã, é professor de “business policy” na Universidade de Genebra e foi o catalisador do encontro celebrado por primeira vez em Davos, Suíça. Ademais deste evento em Davos, se celebra uma versão latino-americana. A última edição para a América Latina do Fórum foi no Rio de Janeiro, Brasil em abril de 2009. A edição do ano 2011 também foi celebrada no Rio de Janeiro entre os dias 28 e 29 de abril. O evento contou com 700 participantes (governos, empresas, organizações, membros da sociedade civil) de 42 países.

A Consolidação Econômica da América Latina

O peso político e econômico da região latino-americana foi um dos propósitos principais deste Fórum. A região latino-americana tem logrado muita importância devido a suas grandes perspectivas de desenvolvimento, já que conta com grandes recursos naturais e ao mesmo tempo mantém uma estabilidade política na maioria de seus países. América Latina possui muito potencial devido a sua localização estratégica, sua riqueza energética, a biodiversidade e particularmente por sua estabilidade macroeconômica. De um lado, os países com governos de esquerda como o Venezuela ou a Bolívia que tiveram crescimento de 2,8% e 3,8% respectivamente no ano 2010, segundo dados do site da agência de inteligência americana, a CIA. Outros países, com governos de centro-direita e com economias visadas ao livre comércio, tiveram grandes resultados macroeconômicos no ano passado, como o Peru (8,7%). No ano 2004, a República Dominicana teve um crescimento de 20 bilhões de dólares e hoje fica em 53 bilhões de dólares, o que demonstra que foram dirigidos os passos necessários para manter a estabilidade macroeconômica.

O Brasil, com um crescimento de 7,5% no 2010 e com a etiqueta de líder regional, ocupou no Fórum uma posição de destaque nas discussões. O objetivo é “manter a estabilidade macroeconômica”, segundo declarações do Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Moreno. Um dos principais desafios econômicos da região é evitar as acelerações inflacionárias.

Integração Regional

Também foi tema de destaque, o papel da integração dos países da América Latina para lograr objetivos comuns de desenvolvimento. Embora o Brasil seja um ator principal na esfera política e econômica mundial, sendo membro do G20 e um dos fundadores do grupo BRICS, que reúne os países emergentes como Rússia, Índia, China e África do Sul, também é certo que a integração na América do Sul ainda não logrou a maturidade desejada. Segundo um dos participantes no Fórum, o britânico Sir Martin Sorrell, CEO (diretor executivo) de WPP (o maior grupo mundial de publicidade e marketing), a influência do Brasil no cenário regional é menor do que imaginam no exterior. Recentemente, México, Colômbia, Peru e Chile criaram um consórcio latino-americano do Pacífico, para fazer frente ao grupo atlântico Mercosul. O argumento para formar o grupo, seria, entre outros, equilibrar a potência brasileira. 

Enquanto à integração comercial, o objetivo principal é a consolidação dos mecanismos multilaterais como a OMC (Organização Mundial de Comercio) e assim melhorar os desequilíbrios comerciais criados pelos distintos governos latino-americanos.

O aumento das relações comerciais da região com o continente asiático, especialmente com China, foi outro fator de prosperidade econômica da América Latina. Mas a questão mais importante é saber se a forte dependência comercial será favorável ao longo prazo para ambas partes. É possível que nossa região possa competir com a China e sua moeda ultra desvalorizada? É possível que nossa região possa criar indústrias serias de produtos manufaturados e de alta tecnologia? Estes são alguns dos desafios que precisam ser seriamente abordados pelas autoridades de nossa região se querem seguir sendo competentes.

Impacto dos Eventos Esportivos

Outro dos assuntos importantes discutidos nesta edição foi a organização da Copa do Mundo de futebol e dos Jogos Olímpicos entre os anos 2014 e 2016 no Brasil. Discutiu-se o impacto que terão estes dois eventos sobre a economia brasileira. O ex-primeiro ministro da Inglaterra e participante no Fórum, Tony Blair, contou sua experiência como um dos principais promovedores de Londres como sede oficial no ano 2012 dos Jogos Olímpicos. Segundo ele, “o impacto econômico é maciço, porque os esportes são mais do que isto. Primeiro, há as implicações óbvias - mais empregos na construção da infra-estrutura e de imóveis -, mas também é possível usar os Jogos Olímpicos como uma plataforma para atrair negócios que vão além dos esportes”. A possibilidade de aproveitar estes eventos para promover o Brasil como uma “marca país” é um dos desafios do governo.

Outro desafio do governo é lograr condições ótimas para receber estes eventos. Segundo um estudo do portal brasileiro de notícias G1 realizado em junho de 2010 e recolhendo dados das administrações públicas dos diferentes estados que serão sedes do evento, somam até 80 bilhões de dólares em investimentos de obras de infra-estrutura para a organização do Mundial 2014.    

Expectativas dos empresários brasileiros

O Fórum também serviu para avaliar as condições para fazer negócios no Brasil. Segundo uma pesquisa da empresa auditora Price Waterhouse Coopers, os principais empresários brasileiros estão otimistas em quanto à rentabilidade de suas empresas neste ano. Este estudo divulgado no Fórum mostra que 58% dos executivos brasileiros acreditam no crescimento dos negócios este ano. O estudo também revela as principais preocupações destes empresários. Segundo a pesquisa, o excesso de regulamentação e a pouca preparação da mão de obra brasileira são os maiores inconvenientes para a produtividade das empresas nacionais. Para poder melhorar as condições, 82% dos empresários, segundo a pesquisa, estão dispostos a dialogar com o governo.

Conclusão

Em conclusão, a participação no Fórum Econômico Mundial tem muita importância devido a que representa um cenário ideal para debater idéias e compartilhar experiências de outros países, e contribui ao desenvolvimento de nossa região. Ademais é um lugar onde se revelam informações importantes como declarações de autoridades mundiais ou resultados publicados por pesquisas, que permitem conhecer quais são as principais preocupações sócio-econômicas do país e da região. É indispensável que as autoridades governamentais participem nestes eventos e façam esforços para atender as diversas reclamações.

Referências Bibliográficas

PEREZ, Dionis. Estratégia de República Dominicana para el Brasil. 1ro de maio de 2009. Embaixada da República Dominicana no Brasil. p. 15.

De Internet:

Site Oficial do Fórum Econômico Mundial. Disponível em: www.weforum.org. Acesso em 27/05/2011.

G1 O portal de notícias da Globo.
Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1237824-5601,00-OBRAS+PARA+A+COPA+EXIGEM+QUASE+R+BILHOES+SEGUNDO+MUNICIPIOS+E+ESTADOS.html. Acesso em 01/05/2011.

Site da Price Waterhouse and Coopers. Disponível em: http://www.pwc.com/br/pt/ceo-survey-brazil/index.jhtml. Acesso em 01/05/2011.

Versão Digital da Revista Veja. Disponível em: www.veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-sedia-e-e-destaque-do-forum-economico-mundial. Acesso em 28/04/2011.

Diário Argentino El Clarín. Disponível em: www.clarin.com/mundo/Cuestionan-importancia-Brasil-foro-economico_0_4715. Acesso em 28/04/2011.

Página Oficial del Banco Central de la República Dominicana.   Disponível em: http://www.bancentral.gov.do/publicaciones_economicas/infeco/infeco2010-12.pdf. Acesso em 01/05/2011.

CIA World Fact Book. Disponível em: www.cia.gov/.../the-world-factbook/geos/ve.html. Acesso em 01/05/2011.

CIA World Fact Book. Disponível em: www.ciaworldfactbook.es/southamerica/bolivia. Acesso em 01/05/2011.

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